Música Clássica

O papai todo dia coloca música clássica para nós ouvirmos de manhã. E eu danço com minhas mãozinhas pelo ar como faz o homem que fica lá na frente dos instrumentos. Mas eu não aguento e logo mexo as pernas e rebolo também. Já fizemos isso algumas vezes na semana passada, quando papai teve esta idéia.

Ontém eu estava na casa da vovó brincando e a televisão estava ligada. Uma hora eu ouvi uma música que eu conhecia, então eu disse: “Beethoven!

A mamãe disse que eu estava certo. É claro que eu estava, era a quinta sinfonia, quem não conhece? Abaixo o papai achou um clipe do primeiro movimento para você ouvir. Tenho certeza que você já conhece também.

Eu sei todas as palavras

— Olha filho, uma detoneira.

— Não é mamãe, você falou errado, é betoneira. Não pode falar errado.

— É, a mamãe falou errado, eu não sei todas as palavras.

Eu sabo.

— Ah é? Você sabe? Então como é o nome daquele carro que está passando ali?

— Hummmmmmmmmm. Moto! (tinha um moto do lado do carro)

— Não, filho, aquele carro se chama Corsa. E como é o nome daquela farmácia ali na esquina?

— Droga Vaia (eu não falo bem o R).

— Viu, muito bom, essa palavra você sabia… Entendeu, nós dois estamos aprendendo as palavras. Nós não conhecemos todas elas.

Mamãe ficou perguntando tudo, a viagem toda para casa.

O que é um cofrinho?

braquiossauro de brinquedo

Se você ainda não sabe eu explico: um cofrinho serve para comprar braquiossauros. Não entendeu? Então eu vou tentar falar do jeito que meu papai explicou.

Toda vez que eu ganhava moedinhas do papai, da mamãe, ou vovôs o papai falava para colocarmos no cofrinho que depois eu poderia comprar alguma coisa bem legal. Isso se chama economizar. Isso acontecia todos os dias.

Toda vez que alguém aparecia lá em casa eu explicava que o cofrinho era onde eu guardava minhas economias e que iria comprar algo bem legal mais tarde.

O papai disse que era proibido abrir o cofrinho até que ele ficasse bem cheio. Toda vez que eu colocava uma moeda eu dizia: “Está cheio, vamos abrir”. E o papai falava que ainda tinha espaço para mais dinheiro. A espera estava acabando comigo! Eu queria abrir logo aquele cofrinho.

Então chegou o dia em que eu tentei enfiar a moeda, mas ela não entrava mais. E o papai disse: “Está cheio. Vamos abrir?” Foram as palavras mais lindas que eu já ouvi sairem da boca dele. Abrimos o cofrinho, separamos um montão as moedas. Colocamos as parecidas juntas umas das outras e contamos tudo. O papai colocou tudo em um saco plástico. Ficou tudo guardado na minha mochila.

Ontém fomos ver os dinossauros lá no shopping. Que bichos grandes! O papai disse que eles não existem mais, que todos eles desapareceram. Eles não pareciam desaparecidos para mim, pois se mexiam e faziam barulhos assustadores. O papai disse que eram apenas bonecos grandes que se mexem, mas eu não sei, não. O último dinossauro tinha a altura da minha casa e soltava fumaça da bunda. O papai disse que era um mega-punzão, mas eu não senti cheiro ruim nenhum. O meu pum cheira pior.

No final do passeio tinha um lugar cheio de dinossauros pequenininhos que eu podia pegar nas minhas mãos. Esses sim eram mesmo de brinquedo. Mas o problema é que eles custavam dinheiro para eu levar para casa. Então o papai lembrou: “Você tem dinheiro! Você economizou, lembra?”

Ebaaaaaaa!

Por onde sai o cocô?

Mamãe tirou a minha roupa para tomar banho.

Eu peguei no meu saco e disse para ela:

— Saco de fazer cocô!

Mamãe deu risada alta.

— Não é por aí que sai o cocô filho.

Ela contou para o papai o que eu disse, quando agente estava indo para o banheiro. E ele riu também e disse:

— Quer ver por onde que sai o cocô filho?

— Quero!

Ele me colocou encima da pia do banheiro, de costas para o espelho, e me disse para me dobrar e olhar debaixo das minhas pernas. Quando eu estava naquela posição, com a cabeça no meio das pernas ele disse:

— Olha no espelho.

E eu vi por onde que sai o cocô de verdade! E todo esse tempo eu achava que saía do saco.

— Agora quero ver o da mamãe!

Sabonete

Eu estava na banheira, tomando banho, e a mamãe me disse:

— Tira o sabonete da água, por favor, porque derrete.

— Derrete?

— É. A água faz derreter.

Eu levantei desesperado, chorando:

— Aaaaaai! Derrete! – E levantei os braços também, fiquei apavorado.

— Não, filhinho, é só o sabonete que derrete, não você.

— Ahhhh! – Suspirei aliviado.