Eu não quero crescer

O papai me colocou na minha cadeirinha, dentro do carro e eu disse:

— Papai, você é grande, você bate a cabeça no teto. A mamãe é média e eu sou pequenininho. Eles deram risada.

Eu dei tchau para o papai e a mamãe saiu dirigindo.

— Eu sou pequenininho. Eu não bato a cabeça no teto.

— Mas você vai crescer, vai ficar bem grande igual ao papai.

— Eu não quero crescer.

— Porque você não quer crescer?

— Por que gosto tanto de colinho.

— Mas quando você crescer eu vou continuar pegando você no colinho.

Uma história inventada

Eu estava conversando com a minha priminha e falei:

— Agora eu tenho uma bicicleta.

— Eu ganhei uma bicicleta também. Ganhei do Papai Noel.

— Você não ganhou do Papai Noel.

— Ganhei sim, foi o Papai Noel que me deu.

— Não, ele não deu não.

Ela começou a chorar.

— Ganhei sim! — E saiu gritando. — Né, vó, que eu ganhei a bicicleta do Papai Noel?!

Eu fui atrás dela insistindo:

— Mas fui eu que comprei a minha bicicleta, com o meu dinheiro.

Eu sei que o Papai Noel é uma história inventada. É um homem que coloca roupa vermelha e um cabelo branco no queixo. Mas o Papai e a Mamãe conversaram comigo e disseram que tem crianças que acreditam que ele é de verdade e que é ele que dá os presentes para as crianças. Mas quem dá os presentes são os papais e os avós.

Quando eu casar

O papai e a mamãe estavam me ensinando os nomes certos dos dedos da mão, usando a mão do papai: polegar (mata piolho), indicador (fura-bolo), dedo médio (pai de todos), anelar… Peraí…

— O papai está usando um anel!

— É uma aliança de casamento, filhinho. Disse a mamãe.

— O que é uma aliança?

— Quando você for maior e gostar de uma mulher você vai querer casar e…

— Eu quero casar com você.

— Mas eu já sou casada com o papai. Você terá que casar com outra mulher.

— Eu não gosto de outra mulher.

— Quando você for maior, vai gostar.

Menino Bonzinho

Eu estava com a mamãe no Shopping e o Papai Noel estava dando balinhas para as crianças. Eu corri lá e pedi uma balinha também.

— Eu quero uma balinha, por favor.

— Então me dá um abraço.

Dei uma abraço meio de longe, porque o cabelo dele era no queixo.

— O que você quer ganhar de presente de Natal?

— Uma bicicleta.

— Você tem sido um menino bonzinho?

— Sim. Eu tô economizando e vou comprar uma bicicleta pra mim.

Ganhei a balinha e saí correndo.