Xeretinha

Mamãe estava me contanto uma história:

— Um menino que era muito curioso e que queria saber de tudo o que acontecia. Ele se metia no meio da conversa dos adultos e até ouvia atrás da porta conversas que ele não devia ouvir. Até que um dia ele estava fazendo isso, a porta abriu e ele caiu. O papai e a mamãe não gostaram nada da atitude dele e falaram que ele tinha um pensamento muito ruim de xeretar.

— Mas mamãe, eu também me meto no meio das conversas. Porque não tem espaço. Se tivesse espaço eu esperava do ladinho.

— Filho, eu quis dizer que se meter no meio é interromper a conversa.

— Mas o que é interromper?

— É quando as pessoas estão falando e você grita “pare de falar, pare de falar”.

— Ah! Eu também interrompo a conversa.

— Então você tem que esperar as pessoas terminarem a conversa e depois você pergunta.

— Então tá bom. Então eu vou ficar quietinho esperando terminar.

Chamando o pensamento dorminhoco

Mamãe: Vamos chamar o pensamento dorminhoco, porque está na hora de dormir.

Eu: Mas como é que ele vem: andando ou voando?

Mamãe: Bem… Pensamento nós não vemos, mas sabemos quando ele entra na nossa mente porque ele muda nosso jeito de ser. Como é que você sabe que o pensamento dorminhoco entrou na tua mente?

Eu: Quando é de noite.

Mamãe: E também quando ficamos com sono e abrimos a boca de sono… E quando o pensamento abelinha entra na nossa mente o que acontece?

Eu: A gente quer ajudar.

Mamãe: Isso mesmo, nós queremos colaborar.

Eu: Ahhh… Mas eu não ajudei o papai a guardar os brinquedos.

Mamãe: Tudo bem, amanhã você ajuda.

Desenha um pinto?

O Heitor veio aqui em casa, e fomos brincar de desenhar. Lá pelas tantas, ele me pediu:

– Tia Mi, desenha um pinto?

– Hein?!

– Desenha um pinto tia Mi…!

– Um pintinho de galinha?

– Não tia Mi! Um pinto…!

– Um “bilau”?

– É!

Então a tia Mi foi desenhando o Heitorzinho de perfil, e o Heitor foi colaborando, dizendo sempre o próximo passo… cabeça, pescoço, barriga, pinto.

– O saco, tia Mi, o saco!

Pernas, os pés com tênis, bum-bum, e ele adorou o desenho. Então, ele pegou um papel, começou a desenhar, e disse:

– Tia Mi, to desenhando a tua bunda!

– hein?!

– A tua bunda tia Mi, to desenhando…

– Ahhhh…

– “Agola” to desenhando o teu pinto…

– Ah… mas então não é a minha bunda…

Ele me olhou intrigado…

– Não pode ser a minha bunda Heitor, eu não tenho pinto, eu sou mulher…!

Ele ficou pensativo uns instantes, abaixou a cabeça e começou a rasurar o desenho… eu perguntei:

– O que q vc tá fazendo Heitor?

– Tua “peleleca”!

– Ahhh, agora sim! É minha bunda…

A tia Mi deu muita risada…

Cortar o cabelo

Eu (papai) estava com saudades do meu menino que não via desde manhã cedo. Liguei para a Mamãe que estava com ele e ela disse que estava indo cortar o cabelo do Heitorzinho.

Quando perguntei se ele tinha perguntado de mim, ela relatou que quando soube que iria cortar o cabelo, ele disse: “Quero cortar o cabelo igual ao do papai.”

Do outro lado da linha eu fiquei com os olhos cheios de água. Pode parecer bobo… Mas acho que todo pai teria a mesma reação.

Lavando o carro

criança lavando carro

Eu tava na sacada do quarto da mamãe, lá em casa, e vi o Cleiton, nosso vizinho, molhando o carro dele.

— Cleiton! O que você tá fazendo?

— Oi, Heitor! Eu estou lavando o carro.

— Teu carro está sujo?

— O carro tá sujo.

— Nosso carro também tá sujo, vem lavar! (O Cleiton, começou a rir, não sei porque.)

— Quanto você me paga?

— 12 quilos.