Pensando na vida

Na hora de dormir, eu estava na cama e a mamãe na poltrona do meu lado.

— Mamãe, e se você e o papai morrerem antes de eu ficar grande?

— Filho, nós vamos morrer um dia. A morte faz parte da vida. Todo mundo morre.

— Então vocês vão morrer depois que eu ficar grande?

— Não vamos nos preocupar com a morte. Vamos pensar na vida que é tão boa e nós temos que aproveitar. Você, por exemplo, terá uma vida muito boa, pois desde pequeno está aprendendo a ser mais feliz e um ser melhor.

Sorri e dei um beijo nela.

— É, mamãe, vamos pensar na vida.

Para onde o sol vai de noite?

— Papai, para onde o sol vai de noite?

— Essa é uma excelente pergunta, filho!

O papai pegou uma bolinha amarela e outra azul, dos meus brinquedos.

— Vou fazer de conta que esta bolinha amarela é o sol e a azul e a Terra, o planeta onde fica a nossa casa. Aqui onde está a nossa casa está sol, porque o lado da Terra onde estamos está virado para o sol. Aqui do outro lado, onde vive o Zezinho, está escuro, porque o sol só pega em um lado da Terra de cada vez, está vendo? Mas olha que legal, a Terra gira! Gira o tempo todo. E chega uma hora em que fica dia na casa do Zezinho e na nossa casa, que está agora do outro lado do planeta fica…?

— Escuro!

— Isso mesmo. E como o sol não está batendo neste lado do planeta, fica noite. Agora você sabe que o sol não vai para lugar nenhum, é a Terra que gira.

— (Pensativo…) Papai, a lua também gira?

Eu nasci de um ovo de galinha?

— Tia Keka, você tem filho?

— Não, ainda não tenho. Mas logo eu vou engravidar e ter um neném aqui dentro da minha barriga.

— Mas como é que ele vai entrar aí?

— (risada nervosa) O Tio Ander que vai colocar.

— Mamãe, eu estava na sua barriga?

— Sim, você estava.

— Mas como é que eu cabia lá?

— Você era um ovinho e foi crescendo.

— Um ovinho de galinha? E daí quebrou a casca?

— Não era um ovo de galinha. Você era um ovinho que foi crescendo e se transformando em um bebê.

Xeretinha

Mamãe estava me contanto uma história:

— Um menino que era muito curioso e que queria saber de tudo o que acontecia. Ele se metia no meio da conversa dos adultos e até ouvia atrás da porta conversas que ele não devia ouvir. Até que um dia ele estava fazendo isso, a porta abriu e ele caiu. O papai e a mamãe não gostaram nada da atitude dele e falaram que ele tinha um pensamento muito ruim de xeretar.

— Mas mamãe, eu também me meto no meio das conversas. Porque não tem espaço. Se tivesse espaço eu esperava do ladinho.

— Filho, eu quis dizer que se meter no meio é interromper a conversa.

— Mas o que é interromper?

— É quando as pessoas estão falando e você grita “pare de falar, pare de falar”.

— Ah! Eu também interrompo a conversa.

— Então você tem que esperar as pessoas terminarem a conversa e depois você pergunta.

— Então tá bom. Então eu vou ficar quietinho esperando terminar.